Apresentação

Ciência em Gotas

Glaci Ribeiro da Silva

Para preencher o vácuo deixado pela minha aposentadoria, no início dos anos 2000 comecei a escrever. Essa atividade não era nova para mim, visto que após minha graduação em medicina decidi fazer carreira universitária; quem segue esse tipo de carreira, faz pesquisas científicas, orienta teses e leciona alunos de graduação e pós-graduação; assim, o denominador comum de todas essas atividades é estudar e escrever.

O principal objetivo de um pesquisador é divulgar entre seus pares o resultado dos experimentos que fez, apresentando-o em um congresso ou publicando em uma revista científica.

As chamadas Revistas de Divulgação Científica (do lat. divulgare, tornar público, difundir, vulgarizar) surgiram na metade do século 19; elas visavam substituir os pesados livros de então que eram escritos em um jargão (gíria profissional) que o público leigo não conseguia compreender.

Em 1845, surgiu nos Estados Unidos a primeira revista desse tipo – a Scientific American –, que até hoje permanece sendo uma importante fonte de informações.

Atualmente existem muitas revistas como essa; geralmente são publicadas mensalmente: trazem 4-5 artigos completos; alguns ensaios; uma ou outra biografia; e pequenos trechos onde assuntos variados são relatados de uma maneira sucinta. Foi nesse último nicho que a nossa Ciência em Gotas nasceu.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

EXPOSIÇÃO DA MÃE, CÂNCER NOS FILHOS



“Guarde na memória essas duas siglas, seguidas de nomes difíceis de pronunciar: BPA (bistenol-A) e DES (dietilestilbestrol).

Se ingeridas pela mãe, essas duas substâncias podem aumentar as chances dos filhos terem câncer de mama.

Essas duas moléculas têm a capacidade de interferir e alterar o sistema hormonal do organismo. Conseqüências: problemas no desenvolvimento, no sistema reprodutivo e neurológico, para ficar no plano geral dos malefícios.

Agora, os pesquisadores da Universidade Yale (Estados Unidos) mostraram que filhotes de camundongo cujas mães receberam BPA ou DES na gravidez apresentaram maior probabilidade de desenvolver câncer de mama – tanto machos como fêmeas. Isso foi constatado, ao se observar nas glândulas mamárias dos filhotes altos níveis da proteína EZH2 que é ligada a maior incidência desse tipo de câncer.

Além disso, essa mesma equipe já havia mostrado que essas substâncias tinham efeito deletério de longo prazo também no útero.

Órgãos reguladores de vários países estão lançando alertas sobre os níveis de exposição tanto do BFA quanto do DES. O primeiro está presente em certos plásticos e vernizes, e basta uma busca pela sigla na internet para que se encontrem as malvadezas da substância, sendo que em vários países inclusive nos Estados Unidos, ela está proibida. O DES, que é usado em clínica médica, também tem ficha suja: está listado como carcinogênico e causador de má-formação em fetos.”

In: Hormones and Câncer, 15/05/2010.

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