Apresentação

Ciência em Gotas

Glaci Ribeiro da Silva

Para preencher o vácuo deixado pela minha aposentadoria, no início dos anos 2000 comecei a escrever. Essa atividade não era nova para mim, visto que após minha graduação em medicina decidi fazer carreira universitária; quem segue esse tipo de carreira, faz pesquisas científicas, orienta teses e leciona alunos de graduação e pós-graduação; assim, o denominador comum de todas essas atividades é estudar e escrever.

O principal objetivo de um pesquisador é divulgar entre seus pares o resultado dos experimentos que fez, apresentando-o em um congresso ou publicando em uma revista científica.

As chamadas Revistas de Divulgação Científica (do lat. divulgare, tornar público, difundir, vulgarizar) surgiram na metade do século 19; elas visavam substituir os pesados livros de então que eram escritos em um jargão (gíria profissional) que o público leigo não conseguia compreender.

Em 1845, surgiu nos Estados Unidos a primeira revista desse tipo – a Scientific American –, que até hoje permanece sendo uma importante fonte de informações.

Atualmente existem muitas revistas como essa; geralmente são publicadas mensalmente: trazem 4-5 artigos completos; alguns ensaios; uma ou outra biografia; e pequenos trechos onde assuntos variados são relatados de uma maneira sucinta. Foi nesse último nicho que a nossa Ciência em Gotas nasceu.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

PNEUS E RISCO DE MORTE



“Aquele excesso de gordura abdominal – o popular, pneuzinho – angariou mais uma notícia ruim em seu cardápio de maldades: seus portadores têm risco duas vezes maior de morte nos próximos nove anos do que aqueles sem esse acúmulo.

Cintura larga desfila longo rol de males: inflamação, diabetes tipo 2, níveis alterados de colesterol e doença cardíaca. Razão: a circunferência da cintura está associada à gordura nas vísceras (ou seja, envolvendo os órgãos do abdômen), considerada mais perigosa que aquela sob a pele.

Agora, a equipe Eric Jacobs, ligada à Sociedade Norte-Americana de Câncer analisou dados de 48,5 mil homens e 56,3 mulheres, todos com mais de 50 anos (na média, 69 anos para eles e 67 anos para elas). Esses voluntários preencheram questionário ainda em 1977, com informações sobre peso, índice de massa corporal (IMC, ou seja, peso, em quilos, dividido pelo quadrado da altura, em metros), circunferência da cintura etc. Nove anos depois, número de mortes no grupo: 9.315 homens e 5.332 mulheres.

Depois de ajustar os dados para o IMC e outros fatores, os pesquisadores concluíram: cinturas muito largas (maiores de 120 cm em homens e 110 cm em mulheres) foram associadas a risco duas vezes maiores de morte entre os voluntários, independentemente do IMC (normal, de 18,5 a 24,9; sobrepeso, de 25 a 29,9; e obeso, igual ou maior que 30). Ou seja, aquele indivíduo magro, mas com a famosa barriga de cerveja, tem o mesmo risco que o obeso.

A surpresa do estudo: o maior risco entre mulheres foi entre as com IMC normal. Por quê? Não se sabe, mas o assunto está sendo investigado.

Os autores acreditam que as recomendações do Instituto Americano de Saúde, deveriam mudar: as diretrizes desse órgão federal dizem que só pacientes obesos devem emagrecer. Mas não incluem nessa medida os que possuem IMC e têm obesidade abdominal (acima de 88 cm para mulheres e 102 para homens).”

Archives of Internal Medicine, v. 170, n. 15, pp. 1293-1301, 2010

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