Apresentação

Ciência em Gotas

Glaci Ribeiro da Silva

Para preencher o vácuo deixado pela minha aposentadoria, no início dos anos 2000 comecei a escrever. Essa atividade não era nova para mim, visto que após minha graduação em medicina decidi fazer carreira universitária; quem segue esse tipo de carreira, faz pesquisas científicas, orienta teses e leciona alunos de graduação e pós-graduação; assim, o denominador comum de todas essas atividades é estudar e escrever.

O principal objetivo de um pesquisador é divulgar entre seus pares o resultado dos experimentos que fez, apresentando-o em um congresso ou publicando em uma revista científica.

As chamadas Revistas de Divulgação Científica (do lat. divulgare, tornar público, difundir, vulgarizar) surgiram na metade do século 19; elas visavam substituir os pesados livros de então que eram escritos em um jargão (gíria profissional) que o público leigo não conseguia compreender.

Em 1845, surgiu nos Estados Unidos a primeira revista desse tipo – a Scientific American –, que até hoje permanece sendo uma importante fonte de informações.

Atualmente existem muitas revistas como essa; geralmente são publicadas mensalmente: trazem 4-5 artigos completos; alguns ensaios; uma ou outra biografia; e pequenos trechos onde assuntos variados são relatados de uma maneira sucinta. Foi nesse último nicho que a nossa Ciência em Gotas nasceu.

sábado, 26 de março de 2011

O poder das lágrimas femininas



“Resultados de estudos feitos em Israel tornaram as mulheres ainda mais poderosas: sinais químicos nas lágrimas delas diminuem a excitação sexual dos homens.

Até agora, as lágrimas eram tidas apenas como sinais visuais de comunicação, para demonstrar o estado de espírito. Porém, a equipe do Professor Noam Sobel, (Instituto Weizmann de Ciência em Israel), achou que a função da composição da lágrima resultante da emoção iria além disso – afinal, no reino animal, há casos de animais (camundongos machos, por exemplo) que usam substâncias presentes na lágrima para atrair parceiros para o acasalamento.

Lágrimas foram coletadas de duas mulheres que assistiram a um filme bem triste – no caso, O campeão, de Franco Zeffirelli.

Voluntários (24 homens), entre 23 e 32 anos, cheiraram (10 aspirações) as lágrimas, e um adesivo molhado com elas foi posto sob o nariz de cada um deles, sem permitir que a lágrima tivesse contato com a pele. Um grupo-controle fez o mesmo, mas usando solução fisiológica. Nenhum dos participantes conseguiu distinguir entre o cheiro das lágrimas e o da solução.

Os homens que cheiraram as lágrimas – o estudo era duplo-cego, ou seja, nem pesquisadores, nem voluntários sabiam quem cheirava o quê – acharam fotografias de mulheres menos atraentes sexualmente que o grupo da solução fisiológica. Nos primeiros, também se notou diminuição da taxa de respiração, da temperatura da pele e dos níveis de testosterona na saliva.

No grupo das lágrimas, quando analisadas com aparelhos de imagem, regiões do cérebro (hipotálamo e giro fusiforme) que normalmente respondem à excitação sexual ficaram praticamente inativas quando os voluntários visualizavam fotos eróticas.

Do ponto de vista evolucionário, afirmou Sobel para o Science, os resultados fazem sentido. Mulheres costumam chorar mais no período menstrual, o que seria uma sinalização aos parceiros de que sexo naquele momento é inapropriado.

Não se sabe ainda qual a substância da lágrima que seria responsável por essa alteração nos homens, porém, os pesquisadores acreditam que as lágrimas de homens e crianças também tenham algum sinalizador químico.”

Publicado no Science de 06 de janeiro de 2011.

Nenhum comentário: